A terapia que restabelece o equilíbrio energético do corpo já atua lado a lado com a medicina convencional. Saiba o que acontece numa sessão e que tipo de problemas de saúde pode prevenir e/ou aliviar. As explicações dos especialistas.
Mais de de 1,2 milhões de norte-americanos já recorreram a terapias que se baseiam na aplicação de energia, como o reiki, para relaxar, reduzir o stresse e potenciar a saúde e o bem-estar, avançou recentemente o Centro Nacional de Medicina Complementar e Alternativa dos Estados Unidos da América. Em Portugal, apesar de não existirem estatísticas oficiais, este método já está disponível há vários anos.
No início da década de 2010, começava a dar os primeiros passos enquanto terapia complementar à medicina convencional. Foi precisamente este o tema da conversa que tivemos, algum tempo depois, com Roberto Candeias, terapeuta e delegado da Associação Portuguesa de Reiki. António Gonçalves, psicólogo, foi outro dos especialistas que ouvimos para procurar resposta para as dúvidas que muitas pessoas (ainda) têm.
O que é o reiki?
“O reiki não se explica, sente-se”, garante. É desta forma que Roberto Candeias define esta técnica. Na sua essência, o reiki pressupõe a canalização de energia universal, aquela que nos rodeia, para ativar a energia vital, a que está no nosso corpo. Um processo que, regra geral, é feito através do posicionamento das mãos de um mestre em reiki em diversos pontos-chave do corpo.
O objetivo primordial é restabelecer o equilíbrio energético do organismo e oferecer uma sensação de bem-estar geral. “O resultado desta parceria entre paciente e terapeuta pode ocasionar o processo de cura”, acrescenta o especialista.
O que acontece numa sessão de reiki?
A sessão que, regra geral dura entre uma hora e meia e duas horas, começa com uma conversa para que o terapeuta possa conhecer os hábitos e problemas do paciente. A pessoa, geralmente, deita-se numa marquesa onde se faz a uma massagem energética, através de uma técnica de contacto leve ou mesmo sem que haja contacto, no local afetado.
Durante a sessão, algumas pessoas chegam a adormecer, mas há quem sinta dormência no corpo ou tonturas, o que, em qualquer dos casos, resulta numa sensação de alívio e relaxamento.
O reiki cura?
Não necessariamente, o reiki harmoniza. Como explica Roberto Candeias, “o reiki ajuda a tratar” problemas como depressão, problemas cardíacos e doenças do foro psicológico.
“A relação entre o terapeuta e a vontade pessoal pode resultar numa grande melhoria do seu estado ou da sua harmonia”, explica Roberto Candeias, que defende que esta é uma técnica segura, sem efeitos colaterais nem contraindicações e que não está ligada a qualquer religião ou culto, respeitando os princípios da medicina, morais e éticos.
Como é que o reiki ajuda a medicina convencional?
Segundo Roberto Candeias, “o reiki é um método que não exclui outras medicinas ou terapêuticas, podendo ampliar a sua eficiência”. Em que medida? De acordo com o psicólogo António Gonçalves, que já tem recomendado esta terapia a alguns pacientes, com depressões por exemplo, grande parte das doenças são psicossomáticas.
“Estão relacionadas com uma desestabilização psíquica”, acabando o reiki por ser “um complemento com influência positiva, ao nível do tratamento, já que promove o bem-estar e a tranquilidade, o que permite ajudar a controlar a doença ou a desarmonia de forma mais eficaz”.
Em que tipo de doenças é que o reiki pode atuar?
Roberto Candeias defende que esta terapia tem efeitos positivos em todos os tipos de doenças, nomeadamente cancro, depressões, esgotamentos, doenças terminais e casos em que houve extracção de órgãos, tais como a vesícula e o apêndice. Na verdade, segundo o terapeuta, “o reiki tem benefícios mesmo em pessoas que não se encontram doentes”.
Qual o papel do reiki em Portugal?
Roberto Candeias revela que, “neste momento, o reiki ainda está à procura do seu espaço e a sua presença nos hospitais faz-se [essencialmente] através do trabalho de voluntários”. “Os médicos já começam a ver a pessoa como mais do que um corpo e procuram informação sobre o tema”, esclarece o terapeuta, que tem dado formação a profissionais da área da saúde, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas e até médicos.
Para além disso, no início da década de 2000, Roberto Candeias e Margarida Dias, na altura diretora do Serviço de Urgência do Hospital CUF Descobertas, desenvolveram um ciclo de palestras com o título “Medicina e reiki de mãos dadas”, para sensibilizar o cidadão comum e a comunidade médica acerca das vantagens de uma abordagem integrada das medicinas convencionais e das complementares.
O que sente quem já experimentou?
Alberto Magalhães, diabético e doente oncológico, conta de que forma o reiki o ajudou melhorar o seu quadro clínico. “Eu era diabético e, entretanto, foi-me diagnosticado cancro na boca. Na sequência do diagnóstico tive uma depressão. Foi a pior fase da minha vida”, admitiria depois.
«Nessa altura descobri, por acaso, o reiki. Logo na primeira sessão, senti melhorias. Passei a receber massagens de reiki com regularidade e isso ajudou-me muito. Reduzi a minha medicação em cerca de 50%”, revela ainda. Entretanto, fez formação em reiki e, mais tarde, completamente recuperado, fez voluntariado em vários lares da terceira idade.